A crise climática tem sido um problema civilizacional de longa duração, um produto direto da ordem socio económica capitalista e extrativista dos nossos tempos. Os efeitos deste colapso ecológico são vários tais como a perda de biodiversidade e territórios e o aumento de eventos climáticos extremos e catástrofes. Além disso, há um aspeto social incontornável subjacente a este fenómeno: as vulnerabilidades são mais percetíveis, tais como classe, racial, género e ainda desigualdades geográficas.
Desde 2019 e as ações massivas de movimentos tal como o Fridays for Future, o discurso mainstream tem abordado o tema de forma mais substancial. No entanto, a tendência é abordar apenas aspetos superficiais desta crise (abrindo espaço para greenwashing e discurso demagógico e populista), em vez de enfrentar a raiz do problema, do capitalismo, racismo e especismo. Estes problemas estão interligados e são infinitamente complexos.
Nós acreditamos que a transformação cultural desempenha um papel central no tipo de mobilizações sociais e políticas que são necessárias no presente e que precisam de ser fortalecidas no futuro. Além disso, sabemos que existe um poder artístico que vai para além de museus e galerias que está nas nossas comunidades, nas ruas e nas nossas interações sociais cotidianas. Muitas iniciativas têm sido multiplicadas à volta do mesmo problema – desde o festival de música “We love green” em Paris, até ao “Ecoperformance” da organização Wolfgang no Brasil ou o “Climate Change Theater Action” nos Estados Unidos. A nossa missão é aprender a partir destas iniciativas e entender como desempenham um papel numa abordagem holística para a resolução da crise climática.